Desejos
Se medito no gozo que promete
A sua boca fresca e pequenina
E o seio mergulhado em renda fina,
Sob a curva ligeira do corpete,
Desejo, nuns transportes de gigante,
Estreitá-la de rijo entre meus braços,
Até quase esmagar nestes abraços
A sua carne branca e palpitante;
Como,d’Ásia nos bosques tropícais,
Apertam em espiral auriluzente,
Os músculos hercúleos da serpente
Aos troncos das palmeiras colossais...
E como ao depois, quando o cansaço
A sepulta na morna letargia,
Dormitando repousa todo o dia
À sombra da palmeira o corpo lasso;
Eu quisera também, adormecido,
Dos fantasmas da febre ver o mar,
Mas sempre sob o azul do seu olhar,
Envolto no calor do seu vestido;
Como os ébrios chineses delirantes
Aspiram, já dormindo, o fumo quieto
Que o seu longo cachimbo predileto
No ambiente espalhava antes...
(do livro “Clepsidra”, Ateliê Editorial)
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