sábado, 3 de janeiro de 2015

Ralph Waldo Emerson



Dias


Prole do Tempo, Dias hipocríticos,
Tampados, mudos, dervixes descalços,
Seguindo sós em fila sem mais fim,
Com diademas e adornos nas mãos.
Oferecem regalos para todos,
Pão, reinos, astros e céu que os sustém.
Eu, em meu jardim curvo, olhava a pompa,
Esquecia os desejos matinais,
Na pressa, peguei ervas e maçãs,
E saiu e voltou, silente, o Dia.
Vi tarde, em seu solene aro, o desdém.


Days


Daughters of Time, the hypocritc Days.
Muffled and dumb like barefoot dervishes,
And marching single in an endless file,
Bring diadems and fagots in their hands.
To each they offer gifts after his will,
Bread, kingdoms, stars, and sky that holds them all.
I, in my pleached garden, watched the pomp,
Forgot my morning wishes, hastily
Took a few herbs and apples, and the Day
Turned and departed silently. I, too late,
Under her solemn fillet saw the scorn.


(do livro “Grandes poetas da língua inglesa do século XIX”, organização e tradução: José Lino Grünewald, Editora Nova Fronteira)



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