Penélope
Olha, nesta montanha nos encontramos,
Nesta praia nos separamos.
Os peritos velejaram para o norte
Com suas lanças, com a conivência
De oráculos, como apoio. Eu fiquei.
As lágrimas pouco pesam sobre as mãos,
E nos olhos, ainda menos que sementes
Derrubadas das somas finais
Florescendo das árvores que dizem o tempo.
As estações arquivam seus resumos
Muito ouvidos pelos ecos nas cisternas,
Pouco vistos pelos espelhos emoldurados em chifre,
Copiados por espiões, intérpretes, ou testemunhas.
Os áugures no delta nem uma só vez
Anteviram tal poeira sobre órbitas que envelheciam,
Vítreas mas de vidro mareado, o escuro
Esperma do mar de inverno ao lado do qual
caminhamos,
Marmóreo onanismo dessas ninfas.
1948
Penelope
Look, on that
hill we met
On this
shoreline parted.
The experts
sailed off northwards
With their
spears, with the connivance
Of oracles to
back then. I remained.
Tears weigh
little upon the hands,
Tears weigh less
in the eye than seeds
Shaken from the
feverish totals
Blossoming on
time’s pronouncing tree.
The seasons file
their summaries
Overheard by
echoes in the wells,
Overlooked by
the mirrors shod in horn,
Copied by spies,
interpreters or witness.
The augurs in
the delta have not once
Foreseen this
dust upon an ageing eyeball,
Vitreous as
sea-spun glass, this black
Sperm of winter
sea we walk beside,
The marble
onanism of these nymphs.
1948
(do livro "Poemas", tradução: Jorge Wanderley,
Topbooks)
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