segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Poemas - Lawrence Durrell



Penélope


Olha, nesta montanha nos encontramos,
Nesta praia nos separamos.

Os peritos velejaram para o norte
Com suas lanças, com a conivência
De oráculos, como apoio. Eu fiquei.

As lágrimas pouco pesam sobre as mãos,
E nos olhos, ainda menos que sementes
Derrubadas das somas finais
Florescendo das árvores que dizem o tempo.

As estações arquivam seus resumos
Muito ouvidos pelos ecos nas cisternas,
Pouco vistos pelos espelhos emoldurados em chifre,
Copiados por espiões, intérpretes, ou testemunhas.

Os áugures no delta nem uma só vez
Anteviram tal poeira sobre órbitas que envelheciam,
Vítreas mas de vidro mareado, o escuro
Esperma do mar de inverno ao lado do qual caminhamos,
Marmóreo onanismo dessas ninfas.

1948


Penelope

Look, on that hill we met
On this shoreline parted.

The experts sailed off northwards
With their spears, with the connivance
Of oracles to back then. I remained.

Tears weigh little upon the hands,
Tears weigh less in the eye than seeds
Shaken from the feverish totals
Blossoming on time’s pronouncing tree.

The seasons file their summaries
Overheard by echoes in the wells,
Overlooked by the mirrors shod in horn,
Copied by spies, interpreters or witness.

The augurs in the delta have not once
Foreseen this dust upon an ageing eyeball,
Vitreous as sea-spun glass, this black
Sperm of winter sea we walk beside,
The marble onanism of these nymphs.

1948


(do livro "Poemas", tradução: Jorge Wanderley, Topbooks)



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