LXVII
Os mochos
Sob os negros teixos que habitam,
Alinham-se os mochos em fila.
Como a dos deuses, a pupila
Lhes arde em fogo. Eles meditam.
E imóveis permanecerão
Até o momento agonizante
Em que, tangendo o sol rasante,
As trevas tudo engolfarão.
Sua atitude ao sábio ensina
Que aqui lhe cabe como sina
Temer o caos e o movimento;
Bêbado de uma sombra fútil,
O homem maldiz o atrevimento
De haver ousado um passo inútil.
LXVII
Les hiboux
Sous les ifs
noirs qui les abritent,
Les hiboux se
tiennent rangés,
Ainsi que des dieux étrangers,
Dardant leur
oeil rouge. Ils méditent.
Sans remuer ils
se tiendront
Jusqu’à l’heure mélancolique
Où, poussant le soleil oblique,
Les ténèbres s’établiront.
Leur atitude au
sage enseigne
Qu’il faut en ce
monde qu’il craigne
Le tumulte et le mouvement;
L’homme ivre d’une ombre qui passe
Porte toujours
le châtiment
D’avoir voulu
changer de place.
(do livro "As flores do mal", tradução:
Ivan Junqueira, Editora Nova Fronteira)
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