Soneto
Senhor D. João, quietinho, que me enfado:
beijar a mão é muito atrevimento;
abraçar-me... isso não, que me apoquento.
Cosquinhas... ai Joãozinho... e o pecado?
Como são maus os homens... mas cuidado
que me parece ouvir passos lá dentro...
não é ninguém... apressa o teu momento.
Ai que prazer... tão doce e regalado!
Jesus, sou uma louca, quem diria
que com um homem eu... sendo cristã
mas... que... de puro gozo...ai! vida minha!
Quanta vergonha... Vai-te... Queres mais?
O que tiveste não te satisfaz?
Oh meu Joãozinho, voltas amanhã?
Señor D. Juan, quedito, que me enfado:
besar la mano es mucho atrevimiento;
abrazarme... no, D. Juan, no lo consiento.
Cosquillas... Ay Juanito... ¿y el pecado?
Qué malos son los hombres... mas, cuydado
que me parece, Juan, que pasos siento...
no es nadie... pues despachemos un momento.
¡ Ay, qué placer... tan dulce y regalado!
Jesús, que loca soy,
quién lo creyera
que con un hombre yo... siendo Cristiana
mas... que... de puro gusto... ¡ay... alma mía!
Ay, que vergüenza, vete... ¿y aún tienes gana?
Pues cuento tú lo pruebes otra vez...
pero, Juanito, ¿volverás manãna?
(do livro "Poesia erótica em tradução", seleção, tradução, introdução e notas: João Paulo Paes, Companhia de Bolso)
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