segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Poemas de Gerard Manley Hopkins

Lanterna externa

Uma lanterna move-se na noite escura,
Que às vezes nos apraz olhar. Quem anda
Ali? – medito. De onde, para onde o manda
Dentro da escuridão essa luz insegura?

Homens passam por mim, cuja beleza pura
Em molde ou mente ou mais um dom maior demanda.
Chovem em nosso ar pesado a sua branda
Luz, até que distância ou morte os desfigura.

Morte ou distância vêm. Por mais que para vê-los
Volteie a vista, é em vão: eu perco o que persigo.
Longe do meu olhar, longe dos meus desvelos.

Cristo vela. E o olhar de Cristo, em paz ou em perigo,
Os vê, coração quer, amor provê, pé ante pé, com suaves zelos:
Resgate e redenção, primeiro, íntimo e último amigo.
 

(1877)

 
The lantern out of doors

Sometimes a lantern moves along the night,
Thats interests our eyes. And who goes there?
I think,; where from and bound, I wonder, where,
With, all down darkness wide, his wading light?

Men go by me whom either beauty bright
In mould or mind or what not else makes rare:
They rain against  our much-thick and marsh air
Rich beams, till death or distance buys them quite.

Death or distance soon consumes them: wind
What most I may eye after, be in at the end
I cannot, and out of sight is out of mind.

Christ minds; Christ’s interest, what to avow or amend
There, eyes them, heart wants, care haunts, foot follows kind,
Their ransom, their rescue, and first, fast, last friend.


(do livro "A beleza difícil", introdução e tradução: Augusto de Campos, Editora Perspectiva)


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