O último poema
Não sei quem me manda a poesia
nem se Quem disso a chamaria.
Mas quem quer que seja, quem for
esse Quem (eu mesmo, meu suor?),
de há que
preencher os vãos,
que faz andar minha alma esquerda,
ao Quem que se dá à inglória pena
peço: que meu último poema
mande-o ainda em poema perverso,
de antilira, feito em antiverso.
(do livro "Agrestes", Alfaguara)
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