segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O olho imóvel pela força da harmonia - William Wordsworth



O mundo nos atém a toda hora


O mundo nos atém a toda hora,
Ganhando e gastando, força desperdiçamos;
Pouco vemos na Natureza o que é nosso agora;
Mau negócio! Nossos corações doamos.
O Mar que se entrega ao luar,
Os ventos que silvam em lufadas,
Minguaram tal flores amarfanhadas,
Disso, em tudo estamos a destoar;
E isto não nos comove. – Deus! Prefiro ser
Um Pagão na crença obsoleta nutrido;
E neste agradável prado poderia ter
Vislumbres que me fariam parecer menos perdido;
Ver Proteu do mar aparecer;
Ouvir Tritão soprar seu búzio florido.


The world is too much with us; late and soon


The world is too much with us; late and soon,
Getting and spending, we lay waste our powers;
Little we see in Nature that is ours;
The Sea that bares her bosom to the moon;
The winds that will be howling at all hours,
And are up-gathered now like sleeping flowers;
For this, for everything, we are out of tune;
It moves us not. – Great God! I’d rather be
A Pagan suckled in a creed outworn;
So might I, standing on this pleasant lea,
Have glimpses that would make me less forlorn;
Have sight of Proteus rising from the sea;
Or hear old Triton blow his wreathed horn.


(do livro “O olho imóvel pela força da harmonia”, Tradução e Apresentação: Aberto Marsicano e John Milton, Ateliê Editorial)



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