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Canto
geral
“Puedo
escribir los versos más tristes esta noche”.
(Pablo
Neruda, Poema XX)
arranharei
um canto geral.
no
entanto florestas já não contam palavras
e
não há lirismos. rios e pedras enclausurados por diques e mineradoras.
não
há mãos calejadas mas inflamações nos pulsos dos caixas eletrônicos e linhas de
produção.
não
há condor e o petróleo queimou com as últimas bombas deste mundo.
não
há passos na areia.
pássaros
com balões
de
oxigênio nestes ares despressurizados.
aves
fumam por falta de catalisadores.
(homens
vivem por falta de cataclismos).
flores
não sopram vidas
copos
de lírios são apenas copos
de
poluição concentrada e branco tingido de sujo
e
a serpente brilhante apagada como o último trago.
o
canto geral é campo de batalha e miopia dos homens.
assobio
do último sobrevivente
esses
versos morrem nos sete mares verdes do poeta naufragado
epilepsias
de epifanias eletromagnéticas.
bilhetes
de bateaux mouches reservados para
invasores alemães nos anos 40.
levarei
pela coleira minhas orquídeas a passeio.
depois
de mijarem nos postes de luz
poderei
comer uma junk food sem ser
eletrocutado?
Lucas
Guimaraens é mineiro de Belo Horizonte, 34 anos. Vem de uma família de poetas,
contistas e romancistas, dentre eles, Bernardo Guimarães, Alphonsus de
Guimaraens, João Alphonsus, Alphonsus de Guimaraens Filho e Afonso Henriques Neto.
Publicou poemas em diversas antologias, periódicos e revistas no Brasil e no
exterior (dentre as quais, a Revista Poesia Sempre, da Fundação Biblioteca
Nacional, a Revista da Academia Mineira de Letras, a revista Espanhola En
Sentido Figurado e a francesa Caravelles), tendo recebido alguns prêmios
literários. Lançou, em 2011, seu livro:
“Onde (poeira pixel poesia)”, pela editora carioca 7Letras.
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