quarta-feira, 9 de abril de 2014

Mormaço - Fábio Terre



O monstro de Loch Ness


O madrigal no pensamento ouço
e em água, gelo e vapor o sinto.
A mesma constituição é o vínculo:
um campo vazio já é o calabouço.

Pela zincogravura o nu esboço
da absoluta insipidez do rosto
que incolore de frio o ídolo fausto
entediado ante um beijo insosso.

Pelo submerso pré-histórico
a estranha espera de um herege estoico
ferido por um toque que não vês.

Na margem do antiquário aquático
nostalgia-se o estático poético
ao ver-se na solitude de Loch Ness.


(do livro "Mormaço", Editora Penalux)



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