O tempo da velhice não amadurece
O tempo da velhice não amadurece.
O azedo persiste até que a fruta esteja podre.
O espelho é um animal doméstico que me aguarda.
Mas contra as vitrines não há defesa, nunca é hora
de perdão.
Assim as fotos: feras de outro tempo, saltam sobre o
dorso encurvado,
Rasgam as carnes da barriga, a pele acumulada no
pescoço.
Restaria o olhar da mulher que envelhece comigo.
Caso o pudesse sustentar,
Conhecendo a distância do que me imagino
Ao que sou,
E daí ao que podemos, quando a noite cai.
(do livro "Memória futura", Ateliê
Editorial)
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