Máscara, ou um Quebra-cabeças?
A dor adormece
entre os travesseiros – a
dor
é a falta de experiência,
de forma,
com que se diga dor
Não compreende onde dói
o que e por que dói
Há um certo agitar de asas
entre falsas folhagens
Tudo é impreciso desde o início:
os olhos negros
os cabelos negros
não sentem a dor
nem sabem da dor
o seu preço
Dentro do carro
diante da estátua do velho
empedernido
com sua ampulheta irritante
(o olhar escondido
da coruja estilizada na
pedra)
a dor se instalou
vaga
vaga taquicardia que não se
sabe
Sabe-se apenas
que a experiência não se
acumulou
não se depositou
(e a dor
a verdadeira dor
se desmascara)
(do livro “Antologia
comentada da poesia brasileira do século 21”, organização: Manuel da Costa
Pinto, Publifolha)
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