sábado, 20 de julho de 2013

Mário Chamie

O monge faz o hábito



O tecido entrecortado

do hábito

faz do monge

o avesso do ditado.

 

Não é o monge

que faz o hábito.

O monge

não é o hálito

que recria o incriado.

 

Mas se o monge

faz o hábito,

o hábito faz do monge

o hálito

de seu pecado.

 

Tudo raro e sempre claro:

na rima dessa esgrima

entre o monge

e o seu ditado,

seja aqui, seja lá ou seja longe,

sopra o hálito do diabo:

 

- ou o hábito é o tecido

que tece  o monge;

ou o monge é o vestido

que veste hábito.
 
 
do livro “Antologia comentada da poesia brasileira do século 21”, organização: Manuel da Costa Pinto, Publifolha)
 
 
 

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