Suborno Divino
Tenho carro, somente dor, uma ilha, e um analista.
Quando eu morrer vou direto para o céu
Quero tudo programado, descrito num papel,
E só vou aceitar se for o melhor do paraíso.
Aonde estão todos os santos, os puros, os sábios, meus amigos
Minha linhagem.
Vou pagar propina a Deus
Pra morrer melhor!
Vou pagar propina a Deus
Pra viver melhor!
Vou pagar propina a Deus
Pra morrer melhor!
Vou pagar propina, propina...
Se não aceitar
Aumento o valor
Caso não concorde
Renegocio o acordo
Mas se não fechar
Demito ele
DEUS vai para o INFERNO
E o DIABO assumi o antigo cargo dele
Vou pagar propina a Deus
Pra morrer melhor!
Vou pagar propina a Deus
Pra viver melhor!
Vou pagar propina a Deus
Pra morrer melhor!
Vou pagar propina, propina...
E por JUSTA CAUSA o DIABO foi promovido
Quem acha que é DEUS para não me dar ouvidos?
Quanto será que custa DEUS?Qual é o valor da morte?
E o preço da sorte?
Em quantas prestações eu pago meu DESTINO?
II ato
Qual é o verdadeiro conhecimento? Sua meretriz
informativa!
Sua posição é delimitação, contraposição. O que há
de verídico num mundo padronizado?
Diga o que sonhas ,que direi quem és tu,
fidedigníssimo ser desprezível.
Perdoai vossa/nossa estupidez humana, que
infelizmente herdamos de caracteres desse nosso DNA ,cujo denomina
conservadorismo.
III ato
Pandemia
É endógeno... Está em mim!
Não tenho sangue de barata, nem de cor azul.
Não preciso provar nada para ninguém!
Logo não aturarei desdém.
Sopro divino vetorial
Que assopra pensamentos
O pensamento é um ensaio para ação
É pura decepção!
Pois o Superego ele não deixa, ele bloqueia:
Meu instinto, meu organismo, meu ser primitivo.
Não quero ter razão o tempo todo...
Sentir é muito mais espirituoso!
Toda vez que nos realizamos a nossa áurea muda de
cor,
Purifica dor.
Espero que entenda, porque estou assim.
É endêmico... Fuja de mim!
Cozinhei demais minhas vontades
Hoje o desespero é uma necessidade.
Vomitando poesia
Eu cuspo na hipocrisia, que logo cai na minha
própria testa.
Pois eu só TENTO ser honesta.
Espero que entenda, porque fiquei assim.
É epidêmico... Corra de mim!
Fuja enquanto há tempo,
Pois posso te contaminar a qualquer momento
Com meus tormentos, com meu sofrimento...
Mas quem nunca chorou?
Quem não sente dor?
Espero que entenda, porque mudei.
É pandêmico... Eu me equivoquei!
Eu tive que mudar de planeta!
Eu tive que mudar de faceta!
Para me libertar!
Para me salvar!
Pois a depressão é uma doença altamente contagiosa.
É imune da lógica.
Mas podemos mudar essa narrativa,
Pois somos os autores de nossas vidas.
(da "Revista Passarinho" - no. 1 - 2013)
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