Vazio
Andava sozinho pela rua
Olhando sempre para os lados
Sem desconfiada direção
Os prédios apagados
Pessoas encolhidas em algum lugar
– enquanto eu sozinho na rua –
Desfilo para o meu passado
Presente na última esquina
Cruzamentos em linha reta
Curvas inexatas no olhômetro
Ambulantes parados
Na minha imaginação
Mulheres em Copacabana
Mergulham no nível do mar
Por onde eu passo nada
Peso em sobrancelhas retorcidas
Passos pontiagudos indecisos
Estranhos balés em casas que não vejo
Do outro lado da consciência
Vizinhos romeiros abrem asas
Semanas antes da minha partida
Crescem terrenos baldios
No firmamento das coberturas
Lembranças deitadas no chão
Perfilam-se na ausência intransitável
Um grito pintado
Um silêncio estampado na garganta
De uma rua vazia.
(do livro "Olho nu", Editora Verve)
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