mas só enxerga a denúncia quem consegue ver
dos meus olhos ninguém escapa
estou fadada a descobrir os crimes dos outros
não fujo mais desta minha sina (ou cina)
prefiro sinos.
minhas denúncias são como esses sinos de igreja, com
toques certeiros e graves
réu culpado!
de um crime que o coração cometeu
pobre sino a soar denúncias castas,
e putas!pobres putas de corações e olhares que
denunciam, graves feito os sinos
é sina (ou cínica?)
pobrezinhos
pobrezinhas
pobrecínicos
pobrecínicas
pobres sinos
puta sina!
assassina!, gritou o coração denunciado
assassina,
é sua sina
tocar o sino
de seu crime
assassinado
assassinato!
este é o seu crime
assassinato do réu coração
magoado
libertário
qual é a pena prum coração assassinado?
a pena é prisão perpétua na cadeia dos olhos
marejados.
pobres olhos, culpados pelo crime que o coração
cometeu,
assassinato em série, em sina, acima de qualquer
suspeita,
exceto pras putas, que têm os olhos marejados de
mágoa
assino
o contrato
serei puta
de coração
tocarei sinos
e voarei de balão
pro vento levar
toda a sujeira
que acumulei em meu corpo de puta
por ter coração
assassinado
de mágoas
assumo
réu culpada
por um crime do coração
homicídio-não culposo!
Taís de Amorim: suburbana, zonasulfavelada, 21 anos
cronológicos, 5 anos coracionais, atriz de si mesma, quase poeta e aprendiz de
jornalista.
Lindo poema!! Continue produzindo.
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