segunda-feira, 29 de julho de 2013

Poeta a poeta - Vasko Popa

monumento ao oxigênio

 
um vinho rubro-terra me destina

a este país-braços-abertos

do coração do qual frondeja

a árvore da vida de olhos verdes

 
respira e assim anima

– exânime – uma estrela

 
me aterrorizam monumentos

grandes fantoches sobre-erguidos

com frio e fogo e outras – invisíveis – armas

 
em parte alguma jubilou-me

um monumento ao oxigênio

 
todo armado de folhas

de flores e de frutos

e de outras verdades maduras

 
Transcrição de Haroldo de Campos, com a colaboração do Autor.

 

 

(do livro “Osso a osso”, organização: Aleksandar Jovanovic, Editora Perspectiva, Editora da Universidade de São Paulo)



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