sábado, 30 de novembro de 2013

Fátima Saboya



Poemas e sentimentos


Não sei falar do que na alma me vai
E muito menos do que se passa no coração
Não sei que caminhos tortuosos segue
Apenas dos meus sentimentos sei

Sentimentos que me assaltaram na calma das noites
Doces melodias em meu ouvido
O que virá depois? Não sei...

Aquele prazer inexplicável de te ver
A súbita vontade de falar
Palavras que não saem jamais

Esse sentimento gostoso
Que invade minha poesia
Invade meus dias
E os sonhos meus

Aqui vão palavras que talvez nunca sejam ditas
Que vão morar no meu coração
Até quando? Não sei...


(do livro “Voos e asas”, organização: Clarisse Maia-Guedes, Guemanisse)



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Wieland



Pequena louvação


O jardinzinho bem fechado
Todo mês de rosas ornado
Onde o jardineiro se enfia
E cuida e rega noite e dia,
     Louvado seja!

O bom mineiro tão robusto
Que em negro buraco, sem susto,
Penetra e fura sem cansaço,
Até acabar-se, ficar lasso,
     Louvado seja!
 

Ein kleines Preislied


Das Gärtlein still vom Busch umhegt,
Das jeden Monat Rosen trägt,
Das gern den Gärtner in sich schliesst,
Der es betreut, der es begiesst,
     Es lebe hoch!

Der Bergmann stark und wohlgenährt,
Der ohne Licht zur Grube fährt,
Der immer wirkt und immer schafft,
Bis er erlahmt, bis er esschlafft,
     Er lebe hoch!


(do livro "Poesia erótica em tradução de João Paulo Paes", seleção, tradução, introdução e notas: João Paulo Paes, Companhia de Bolso) 




quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Debaixo das rodas de um automóvel - Rogerio Skylab



Poesia


Você não vai ganhar concurso nenhum.
Ninguém lembrará seu nome.
Passados os anos, bem velhinho,
você se lembrará: da esperança

esse monstro de sete cabeças;
o esforço empreendido sem êxito
(porque não há dúvidas:
você buscava o reconhecimento);

e você se lembrará sobretudo
daqueles raros momentos
em que te vinha a intuição

de que nada te aconteceria -
e  ainda assim você escrevia.
Estranho: principalmente aí você escrevia.


(do livro "Debaixo das rodas de um automóvel", Editora Rocco)





quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A vida. Pluff: É um curto-circuito! - Vanessa Ribeiro Rodrigues



Adentro


É preciso comer pedras
e esventrar o ventre
para nascer de novo,
com fome de amor
cavar bem fundo
a dor que dilacera
esmiuçá-la
cultivá-la ao mais ínfimo
e cavernoso silêncio eremita
sofrendo de uma vez
o luto que se avizinha
alimentar-se dessa dor
usá-la,
gastá-la, criando
porque toda a criação
é uma forma de curar a dor


(do livro “O barulho do tempo”, Bairro dos Livros)



terça-feira, 26 de novembro de 2013

Nydia Bonetti



o poeta mergulha
no inferno do seu mundo real
e silencia
quando voltar
ao paraíso inventado
(em cápsulas)
o poema retorna
com suas verdades
sempre tão relativas
(precárias)
a durar o tempo do espanto
dos olhos


Nydia Bonetti, Eng. Civil, 1958, Piracaia (SP)
Bloga no Longitudes – Tem poemas publicados na Revista Zunái, Mallarmargens, Cronópios, Musa Rara, Germina e outras. Deve lançar seu livro SUMI-Ê ainda este ano.
Publicações:
1) Coleção Poesia Viva, Centro Cultural São Paulo, antologia Desvio para o vermelho (13 poetas brasileiros contemporâneos).
2) Projeto Instante Estante, de incentivo à leitura, Castelinho Edições
3) Coletânea “Poemas para a Palestina 4) Antologia Digital Vinagre - Uma antologia dos poetas neobarrocos
3) Poemantologia da Revista Arraia PajéuBR,
Deve lançar seu primeiro livro – SUMI-Ê, até janeiro 2014. nydiabonetti@bol.com.br