sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Glauco Mattoso



Soneto 287 utópico


No fundo, o grande sonho masculino
é conseguir chupar a própria tora,
coisa que o chimpazé faz toda hora,
e o homem tenta, em vão, desde menino.

Seja porque seu membro é pequenino,
ou porque o corpanzil não colabora,
o fato é que o machão lamenta e chora
o irônico, anatômico destino.

Parece que a utopia nua e crua
resume-se numa autofelação,
quem sabe a autofagia, que jejua...

O jeito ver a ser a masturbação,
e o sonho sensual se perpetua,
enquanto a mulher crê que dá tesão...


(do livro "Poesias Pornográficas", organização: William Galdino e Barateza Duran, Editora Cozinha Experimental)



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