primeiro
não
se jogue
ouça
o alarido das máquinas
que
ficam escondidas atrás
das
paredes da cozinha
com
as duas mãos apoiadas
e
o ouvido bem encostado no
frio
do azulejo
segundo
não
se jogue
se
você pisar com força
razoável
no chão vai entender
que
existe uma tábua meio
solta
entre o braço esquerdo
do
sofá e o rodapé por isso
foi
preciso colocar uma placa
de
aviso cuidado não pule
nessa
região
terceiro
não
se jogue
pois
quando a janela fica
aberta
a sala tem uma acústica
diferente
e toda a gente precisa
falar
mais alto para ocupar
a
caixa cinza quadrada de som
quarto
não
se jogue
veja
a estante amarela no canto
do
corredor e saiba que existe
um
copo que sempre termina a noite
ali
do mesmo jeito com a mesma
quantidade
de bebida como se ele
fosse
o único que soubesse o
lugar
de parar
quinto
não
se jogue
venha
de leve pela porta da
sacada
e entenda que a casa
é
toda um poema de amor
por
último
você
descabelada e arrependida
dizendo
que essa foi a última vez
Otávio
Campos nasceu em Leopoldina – MG em outubro de 1991. Pesquisa poesia
contemporânea no curso de Letras, na Universidade Federal de Juiz de Fora e,
ultimamente, poesia portuguesa no curso de Estudos Artísticos na Universidade
do Algarve, em Portugal. É editor da Um Conto – Revista de Literatura e um dos
organizadores do Eco Performances Poéticas. Em 2013 publicou o livro Distância, pela Aquela Editora.
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