terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Otávio Campos



primeiro
não se jogue
ouça o alarido das máquinas
que ficam escondidas atrás
das paredes da cozinha
com as duas mãos apoiadas
e o ouvido bem encostado no
frio do azulejo

segundo
não se jogue
se você pisar com força
razoável no chão vai entender
que existe uma tábua meio
solta entre o braço esquerdo
do sofá e o rodapé por isso
foi preciso colocar uma placa
de aviso cuidado não pule
nessa região

terceiro
não se jogue
pois quando a janela fica
aberta a sala tem uma acústica
diferente e toda a gente precisa
falar mais alto para ocupar
a caixa cinza quadrada de som

quarto
não se jogue
veja a estante amarela no canto
do corredor e saiba que existe
um copo que sempre termina a noite
ali do mesmo jeito com a mesma
quantidade de bebida como se ele
fosse o único que soubesse o
lugar de parar

quinto
não se jogue
venha de leve pela porta da
sacada e entenda que a casa
é toda um poema de amor

por último
você descabelada e arrependida
dizendo que essa foi a última vez





Otávio Campos nasceu em Leopoldina – MG em outubro de 1991. Pesquisa poesia contemporânea no curso de Letras, na Universidade Federal de Juiz de Fora e, ultimamente, poesia portuguesa no curso de Estudos Artísticos na Universidade do Algarve, em Portugal. É editor da Um Conto – Revista de Literatura e um dos organizadores do Eco Performances Poéticas. Em 2013 publicou o livro Distância, pela Aquela Editora.


 


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