Cristo no Brasil
Além dele, cujos cabelos femininos escorrem
Pelo elegante dorso abaixo
Ou cujas palmas se encolhem
Ali onde as unhas têm entrada,
Erguendo-se, denunciada a poeira que foram,
Surgem sótãos de testemunhas do pecado.
Tanto aqui quanto neste mapa já se desbarata,
O legionário amaldiçoou Roma;
Além mesmo da Europa, no Brasil, o vejo
Aquecido da seiva das matas
Sem achar casa fora de casa, tornar-se
Cônsul negro nos países do Desejo.
Aqui nomeado, ali honrado, nunca entendido, talvez,
Pairando sobre o Rio em seu penhasco
Cujo pequeno original em madeira se fez,
Em gradual petrificação de sua dor, aflito,
Espalha a tintura bárbara do conscrito
Sobre as cidades de carne, sua viuvez.
1948
Christ in Brazil
Further from him
whose head of woman's hair
Grew down his
slender back
Or whose soft palms
were puckered where
The nails were
driven in,
Rising denounced
the dust they were,
Became white
lofts of witness to the sin.
Both here and on
that patworn map
The legionary
darned for Rome,
Further from
Europe even, in Brazil
Warmed by the
jungle's sap,
Finding no home
from home became
Dark consul for
the countries of the Will.
Here named,
there honoured, nowhere understood,
Riding over io
on his cliffs of stone
Whose small
original was wood,
In gradual
petrifaction of his pain,
He spreads the
conscript's slow barbaric stain
Over the cities
of the flesh, his widowhood.
1948
(do livro "Poemas", Topbooks)
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