sábado, 1 de fevereiro de 2014

Duda Machado



Morto-vivo


Há na expressão morto-vivo
uma certa maleabilidade
a desdobrar-se até o predomínio
exíguo de um termo sobre o outro,
ou uma distância qualquer entre
eles, a partir de sua ligação.

Dá para imaginar também,
leitor, esta expressão no centro
de uma página; avulsa sobre
o branco. E, de dentro para
fora da página, alguém
a percorrer aquela distância
qualquer. Ou mesmo muitos.
Aí seria preciso páginas
e mais páginas. Ou livros
e mais livros.


(do livro “Antologia comentada da poesia brasileira do século 21”, organização: Manuel da Costa Pinto, Publifolha)



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