Fernando Pessoa
Teu canto justo que desdenha as sombras
Limpo de vida viúvo de pessoa
Teu corajoso ousar não ser ninguém
Tua navegação com bússola e sem astros
No mar indefinido
Teu exacto conhecimento impossessivo
Criaram teu poema arquitectura
E és semelhante a um deus de quatro rostos
E és semelhante a um deus de muitos nomes
Cariátide de ausência isento de destinos
Invocando a presença já perdida
E
dizendo sobre a fuga dos caminhos
Que
foste como as ervas não colhidas
(do
livro “Poemas escolhidos Sophia de Mello Breyner Andresen”, seleção: Vilma
Âreas, Companhia das Letras)
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