terça-feira, 4 de junho de 2013

Fernanda Morse

A torre


SIM há o tempo dos diálogos
até o estouro
dum silêncio implacável.

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Raquel silenciava
o seu corpo de peixe
hipotônico em água salgada

e salgando
seca
sedenta sob a luz
baixa – por que tão cansada?
           – por que você?
ancorada junto à janela

ela parecia querer despencar
tudo cheirando a mar agitado
Raquel da janela vê-se o quarto
tão escuro
cheirando  a mar agitado

seca tão seca de não vejo a sua carne
dela nasce o estouro implacável
um silêncio bem enfiado
entre o meu corpo à beira da calçada
e o seu corpo beirando a janela

sempre por despencar
janela Raquel os seus estrados
automóveis por falésias
as tantas

cordas que despontam de seu instrumento
sempre por despencar

os instrumentos o ferro da clave
a torre das borboletas arremessadas
o crime o caule da flor
a flor, Raquel, eu
e tu
por uma fissura silente
entre o intervalo destes corpos.

 
 
 

 

Fernanda Morse escreve poemas, integra a Oficina Experimental de Poesia e atualiza o blog a mesma língua ( http://fernandamorse.blogspot.com.br/).
 

 

 
 

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