sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sonetos eróticos - Bocage

LXXI

 

Invocação à noite



Oh deusa, que proteges dos amantes

O destro furto, o crime deleitoso,

Abafa com teu manto pavoroso

Os importunos astros vigilantes:

 
Quero adoçar meus lábios anelantes

No seio de Ritália melindroso;

Estorva que os maus olhos do invejoso

Turbem de amor os sôfregos instantes:


Tétis formosa, tal encanto inspire

Ao namorado sol teu níveo rosto,

Que nunca de teus braços se retire!


Tarde ao menos o carro à Noite oposto,

Até que eu desfaleça, até que expire

Nas ternas ânsias, no inefável gosto.


(do livro "O delírio amoroso e outros poemas", L&PM Pocket)




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