Agosto
1964
Entre
lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados,
butiques,
viajo
num ônibus Estrada de Ferro – Leblon.
Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.
O
ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógio
de lilases, concretismo,
neoconcretismo,
ficções da juventude, adeus,
que a vida
eu a compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a
poesia agora responde a inquérito policial-militar.
mas
não ao mundo. Mas não à vida,
meu
reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do terror,
retiramos
algo e com ele construímos um artefato
uma
bandeira
(do livro "Toda poesia", José Olympio Editora)
Parabéns e desculpe-me a demora. Espero que continue gostando de poesia.
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