Falar poesia é fácil
Falar
poesia é fácil
Difícil é
viver com poesia
apesar e
além de
Apesar
das contas para pagar
do ex
para perdoar
do
projeto novo para começar
dos
quilos para perder
do
emprego dos sonhos para
conquistar
Difícil é
se achar
mesmo
quando há a
ausência
do olhar do outro
Se
escutar
apesar do
bumbo, do surdo
que marca
o passo da
multidão
de pai, mãe, irmão e
papagaio
que nos
habita
Falar
poesia é fácil
falar
sobre poesia mais ainda
Difícil é
não desbotar a poesia
com a
água suja do nosso dia
a dia
Ser
elegante
com quem
roubou nosso
sorriso
seguir
adiante
como se
nada tivesse
acontecido
Falar
poesia é fácil
Difícil é
enxergar poesia onde
não
existe nada
Mônica
Montone nasceu em Campinas (SP), e vive no Rio de Janeiro desde 2000. É autora
dos livros Mulher de Minutos (Íbis Libris, 2003), Sexo, Champanhe e Tchau (Oito
e Meio, 2013) e A Louca do Castelo (Oito e Meio, 2013). Participou de diversas
antologias incluindo Poesia Sempre (Fundação Biblioteca Nacional, 2007) e Amar,
verbo atemporal (Rocco, 2012) e publicou em inúmeros sites, blogs, revistas e
jornais incluindo o jornal O Globo. Recebeu o prêmio de melhor escritora de
2013 da revista Quem através de júri popular. Flertando com outras artes lançou
seu primeiro CD com músicas próprias e em parceria com o poeta Claufe Rodrigues
e fez shows em feiras literárias e bienais em São Paulo, Brasília, Rio de
Janeiro, Lisboa, Marechal Deodoro, Recife, Poços de Caldas, Fortaleza, Bento
Gonçalves, Campinas, Cantagalo, Caxias do Sul, Ibitipoca, Campos dos Goytacazes
e Salvador. Integrou o elenco das peças Apocalipse Segundo Domingos Oliveira e
Os sábados do Domingos, um cabaré filosófico do diretor e dramaturgo Domingos
Oliveira, e atuou na montagem de sua primeira peça, Sexo, Champanhe e Tchau.
Escreve na revista Obvious. Informações: www.monicamontone.com.br