Mar aberto
Roteiros singrados.
E no poema
o mapa
feixe de terra e água abraçadas.
Ando
com a alma cheia de ventos
a
navegar em alta solidão.
Estou tomando
o caminho de volta
entre angustiado e surpreendido encanto
entre as aves do céu
e a música deste mar profundo.
Nenhum deus a me fazer companhia
ou qualquer humano.
Estou só como Heitor
diante da morte
a lhe rondar o escudo reluzente.
Suspensa em meu pavor
de carne e ossos.
E espanto.
E
de
quando em quando
um
medo prévio
travando
o passo.
Um só oceano
desde os deuses
E mares vários.
Na
placenta do mar
hibernam
os povos
Chegada
a hora
circunavegam
secretos
e brilhantes.
Há qualquer coisa de árvore
no oceano.
Raízes e ramos.
Caminho
aquoso
onde
marcha o tempo
e o
céu singra
cúmplice
o
mesmo segredo.
Verde
saída do mar
a manhã pende
nesta marinha.
Provável
momento
este
de amar ao sol
rodeada
de mar.
Ondas azulam
o grande corpo
que respira.
Entre elas
ainda
Ulisses marinha.
Quem tece meu retorno
por este mar
de lodo e seda?
Quem me escora
o medo?
Mar
cor de vinho
como
e quando voltar?
Enquanto
os remos avançam
o
mercúrio se organiza
e é
o poema.
Com a tarde nos braços
te navego
alta água antiquíssima.
Nunca
soubemos bem
cretenses
fenícios
egípcios
assírios
persas
gregos
vikings
portugueses
e seus filhos
que
coisa é o mar.
(do livro "As marinhas", Ibis Libris)
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