sábado, 20 de setembro de 2014

Maurício Duarte dos Santos



No fim de todas as coisas


o que será de nós quando
terminarmos nosso próprio nome?
às vezes me lembro do seu
sorriso dentro do meu nome
ou, como posso dizer, do meu
nome se agarrando aos seus dentes
e de como meu nome era alto e
rigoroso na bandeira de sua voz

qualquer coisa marcial e
sem escapatória era na
sua boca meu nome
era assim, como posso dizer,
um nome dito com quem diz
uma fábula secreta, um coração
secreto, um atestado de vida

talvez eu só queira explicar
como o som do meu nome
dentro da sua boca emprestava
realidade à minha vida
mas e quando esse nome for
engolido pelo esquecimento
e quando cair no fundo de
sua garganta, imprestável saliva?


(da revista “Lado 7”, número 5, Editora 7Letras)




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