IX
Poderia
ao menos tocar
As
ataduras da tua boca?
Panos
de linho luminescentes
Com
que magoas
Os
que te pedem palavras?
Sentir
teus dentes?
Tocar-lhes
o marfim
E
o liso da saliva
O
molhado que mata e ressuscita?
Me
permitirias te sentir a língua
Essa
peça que alisa a nossas nucas
E
fere rubra
Nossas
humanas delicadas espessuras?
Poderia
ao menos tocar
Uma
fibra desses linhos
Com
repetidos cuidados
Abrir
Apenas
um espaço, um grão de milho
Para
te aspirar?
(do livro "Poemas malditos, gozosos e devotos", Editora Globo)