VII
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra
terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...Porque eu sou do tamanho do que vejo
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
(do livro "Fernando Pessoa - Obra Poética II - Poemas de Alberto Caeiro", L&PM Pocket)
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