Permanência
Não
peçam aos poetas um caminho. O poeta
não
sabe nada de geografia
celestial.
Anda
aos
encontrões da realidade
sem
acertar o tempo com o espaço.
Os
relógios e as fronteiras não têm
tradução
na sua língua. Falta-lhes
o
amor da convenção em que nas outras
as
palavras fingem de certezas.
O
poeta lê apenas os sinais
da
terra. Seus passos cobrem
apenas
distâncias de amor e
de
presença. Sabe
apenas
inúteis palavras de consolo
e
mágoa pelo inútil. Conhece
apenas
do tempo o já perdido; do amor
a
câmara-escura sem revelações; do espaço
o
silêncio de um voo pairando
em
toda a parte.
nada
sabe
- morto redivivo(do livro "Poetas portugueses modernos", Seleção: João Alves das Neves, Civilização Brasileira)
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