segunda-feira, 6 de maio de 2013

O discurso do amor rasgado - William Shakespeare

Soneto 76

 

Por que meu verso é sempre tão carente

De mutações e variação de temas?

Por que não olho as coisas do presente

Atrás de outras receitas e sistemas?

Por que só escrevo essa monotonia,

Tão incapaz de produzir inventos

Que cada verso quase denuncia

Meu nome e seu lugar de nascimento?

Pois saiba, amor, só escrevo a seu respeito

E sobre o amor, são meus únicos temas,

E assim vou refazendo o que foi feito

Reinventando as palavras do poema.

     Como o sol, novo e velho a cada dia,

     O meu amor rediz o que dizia.


Sonnet 76

Why is my verse so barren of new pride,

So far from variation or quick change?

Why, with the time, do I not glance aside

To new-found methods and methods and to compounds strange?

Why write I still all one, ever the same,

And keep invention in a noted weed,

That every word doth almost tell my name.

Showing their birth and where they did proceed?

O know, sweet love, I always write of you,

And you and love are still my argument;

So all my best is dressing old words new,

Spending again what is already spent;

    For as the sun is daily new and old,
    So is my love, still telling what is told.

(do livro "O Discurso do amor rasgado - Poemas e Fragmentos de William Shakespeare", Tradução: Geraldo Carneiro, Nova Fronteira)

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