A roda
A roda enferrujada do dia
roda lentamente
meu desejo insatisfeito
adoecendo os sentidos
A roda gasta do dia
deglute com cegos dentes
a semente
o amor que poderia
A chuva fria do ferro
envelhecido
entristece o futuro e o
pendente
E essa dor atemporal se
estende
sem cura no metal ruído
polui a alvura de fluidos
permanentes
que não passam
que não passam
(do livro “Aqui dentro de
mim”, Aeroplano Editora)
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