Camuflagem
Quando a noite cai
ou sobe
ele veste uma
roupa
em camadas
oníricas,
listrada de
desejos,
fora de moda
e pobre.
Cor de
tempestade,
tamanho M,
de pernas
enormes,
toda em algodão
e cobre.
Cordão grená
segura o capuz
de couro
em torno do
pescoço
do homem que
foge.
Mangas imensas,
abertas ao
infinito,
constroem
cavernas
para membros
suspeitos.
Pernas
ortopoéticas
amputam palavras
no campo de pés
quebrados.
Rimas líquidas
enceram os
sapatos com embriaguez
e elegância;
a música derrama
malícia
no piso e no
papel
sobre os quais
ecoam
os passos em
falso
de mil
disfarces.
O inominado
desaparece
quando aperta o
sétimo botão
perolado da
camisa bege
sem deixar
vestígio.
Seu olhar é a
polpa impalpável
do impossível.
José Antônio Cavalcanti. Poeta
carioca. Dois livros no prelo: Anarquipélago,
poemas, pela Ibis Libris: Palavra
desmedida: a prosa ficcional de Hilda Hilst, tese de doutorado em Ciência
da Literatura, pela Annablume. Alguns textos publicados em Cronópios, Cult,
Zunái, Mallarmargens, Germina, Eutomia, Periódico de Poesía, entre outros sites
e revistas. Publica seus textos no blog Caosgraphia - http://caosgraphia.blogspot.com
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