tomemos a
imagem de um pássaro
não um
pássaro planando
mas um
pássaro morto, ou melhor, um pássaro pouco
antes do
fim, quando as marcas do pneu
ainda
vibram nas asas
uma pena
e o pássaro se foi
passemos
para a imagem de um boi
não o das
campinas forte alimentado
mas um
boi no meio de piranhas
o boi
afunda, águas o comem
passemos
para a imagem de um homem
não o
elegante altivo mas
lançando-se
além da janela
o homem
vai sem adeus
passemos
para a imagem de um deus
não
aquele deus celestial mas
paralisado
admirando o fim de tudo
esse
deus, meu deus - é mudo?
(do livro "Peludo", Editora Verve)
Nenhum comentário:
Postar um comentário