segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Delírios - Arthur Rimbaud

Canção da torre mais alta

Que venha, que venha
A hora da paixão.

Tenho tido paciência,
Nunca esquecerei.
Temores e dores
Para os céus se foram.
E uma sede insana
Tolda as minhas veias.

Que venha, que venha
A hora da paixão.

Estou como o campo,
Entregue ao olvido,
Crescido e florido
De joios, resinas,
Ao bordão selvagem
Das moscas imundas.

Que venha, que venha
A hora da paixão.


Chanson de la plus haute tour

Qu’il vienne, qu’il vienne
Le temps dont on s’éprenne.

J’ai tant fait patience
Qu’à jamais j’oublie.
Craintes et souffrances
Aux cieux sont parties.
Et la soif malsaine
Obscurcit mes veines.

Qu’il vienne, qu’il vienne
Le temps dont on s’éprenne.

Telle la prairie
À l’oublie livrée,
Grandie, et fleurie
D’encens et d’ivraies,
Au bourdon farouche
Des sales mouches.

Qu’il vienne, qu’il vienne
Le temps dont on s’éprenne.



(do livro “Uma temporada no inferno”, L&PM Pocket)



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