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Em matas pelas quais
muitos rios
correm entre morros
erectos
e em campos da nossa
infância
onde o arco-íris se
mistura na memória com a palha
se bem que os ‘campos’ em
questão fossem ruas
vejo de novo nascer
tantas manhãs assim
quando cada coisa viva
lança na eternidade sua
sombra
e a luz que dura o dia
todo
é a de desde cedo
com suas sombras sagazes
salientando
um paraíso
que nem entrara nos meus
sonhos nem
no raciocínio a pensar
nesse dia de hoje sem
barba feita
e com essas gralhas
zombeteiras
que se erguem sobre
árvores secas
grasnam e gritam
questionam sempre alguma
primavera e coisa.
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In the woods where many rivers run
among the unbent hills
and fields of our childhood
where ricks and rainbows mix in memory
although our ‘fields’ were streets
I see again those myriad mornings rise
when every living thing
cast its shadow in eternity
and all day long the light
like early morning
with its sharp shadows shadowing
a paradise
that I had hardly dreamed of
nor hardly knew to think
of this unshaved today
with its derisive rooks
that rise above dry trees
and caw and cry
and question every other
spring and thing
(do livro “Um parque de
diversões da cabeça”, Tradução: Leonardo Fróes e Eduardo Bueno, L&PM
Pocket)
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