domingo, 11 de agosto de 2013

Farewell, e os soluços - Pablo Neruda

O pai


Terra de semeadura inculta e brava,

terra que não tem esteiros nem sendas,

minha vida sob o sol treme e alarga.


Pai, os teus olhos doces nada podem,

como nada puderam as estrelas

que me abrasam os olhos e as fontes.

 
O mal de amor cegou a minha vista

e nesta fonte doce do meu sonho

refletiu-se outra água estremecida.


Depois... Pergunta a Deus por que me deram

o que me deram e por que depois

soube da solidão de terra e céu.


Olha, minha juventude foi broto

puro que ficou sem abrir, perdeu

sua doçura de sangues e sucos.


O sol que cai e cai eternamente

cansou-se de beijá-la... E sendo outono,

Pai, os teus olhos nada podem.


Escutarei na noite tuas palavras:

... menino, meu menino...

                                   e na noite imensa

seguirei com as minhas e as tuas chagas.

 

El padre


 
Tierra de sembradura inculta y brava,

tierra em que no hay esteros ni caminos,

mi vida bajo el sol tiembla y se alarga.


Padre, tus ojos dulces nada pueden,

como nada pudieron las estrelas

que me abrasan los ojos y las sienes.


El mal de amor me encegueció la vista

y en la fontana dulce de mi sueño

se reflejó otra fuente estremecida.


Después... Pregunta a Dios por qué me dieron

los que me dieron y por qué después

supe una soledad de tierra y cielo.

 
Mira, mi juventud fue un brote puro

que se quedó sin estallar y perde

su dulzura de sangres y de jugos.

 
El sol que cae y cae eternamente

se cansó de besarla... Y  el otoño.

Padre, tus ojod dulces nada pueden.
 

Escucharé en la noche tus palabras:

... niño, mi niño...

                          Y em la noche immensa

seguiré con mis llagas y tus llagas.


(do livro "Crepusculário", Tradução: José Eduardo Degrazia, L&PM Pocket)



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