O pai
Terra de semeadura inculta e brava,
terra que não tem esteiros nem sendas,
minha vida sob o sol treme e alarga.
Pai, os teus olhos doces nada podem,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as fontes.
O mal de amor cegou a minha vista
e nesta fonte doce do meu sonho
refletiu-se outra água estremecida.
Depois... Pergunta a Deus por que me deram
o que me deram e por que depois
soube da solidão de terra e céu.
Olha, minha juventude foi broto
puro que ficou sem abrir, perdeu
sua doçura de sangues e sucos.
O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de beijá-la... E sendo outono,
Pai, os teus olhos nada podem.
Escutarei na noite tuas palavras:
... menino, meu menino...
e
na noite imensa
seguirei com as minhas e as tuas chagas.
El padre
Tierra de sembradura inculta y brava,
tierra em que no hay esteros ni caminos,
mi vida bajo el sol tiembla y se alarga.
Padre, tus ojos dulces nada pueden,
como nada pudieron las estrelas
que me abrasan los ojos y las sienes.
El mal de amor me encegueció la vista
y en la fontana dulce de mi sueño
se reflejó otra fuente estremecida.
Después... Pregunta a Dios por qué me dieron
los que me dieron y por qué después
supe una soledad de tierra y cielo.
Mira, mi juventud fue un brote puro
que se quedó sin estallar y perde
su dulzura de sangres y de jugos.
El sol que cae y cae eternamente
se cansó de besarla... Y el otoño.
Padre, tus ojod dulces nada pueden.
Escucharé en la noche tus palabras:
... niño, mi niño...
Y em la noche immensa
seguiré con mis llagas y tus llagas.
(do livro "Crepusculário", Tradução: José Eduardo Degrazia, L&PM Pocket)
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