Soneto VI
Não lamentes, oh Nise, o teu estado:
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes têm reinado:
Dido foi puta, e puta dum soldado;
Cleópatra por puta alcança a c’roa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por hontado:
Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que ainda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:
Não fique, pois, oh Nise, duvidosa
Que isto de virgo e honra é tudo peta.
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