Recolho
Ouvir o repuxo de baleias.
Enfileirar todas as conchas
retiradas das areias
que pisei.
Nomear cada uma delas
com os medos
que superei.
Jogá-las de volta ao mar
como contas
de um rosário. Lugar
de onde nunca deveriam
ter escapado.
Expelir água salgada
pelos poros.
Rabiscar na areia um novo
escapulário: 'sou feliz
e aqui enterro
meu sudário'.
(do "Ilhéu", Editora Patuá)
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