domingo, 8 de junho de 2014

V. Cavernas de artistas e bufões - Carlos Nejar



Prelúdio


Se é o tempo esta cobiça,
o tempo me conhece.
Não enferruja o orvalho,
nem a lua envelhece.
E não convence a pressa
diante do que nos vence.
A beleza é justiça
e a justiça, beleza.
As coisas pela fresta
da luz já se dispersam.
O que sabe da morte,
a morte não despreza.
Mas a arte se dobra
diante da eternidade
e a eternidade ama
apenas o que foge.
Porém, beleza é um hoje
perpétuo e se enamora
da parição, o dia,
onde o dia se esgota.
A eternidade espia
com os olhos das gaivotas.


(do livro “Os viventes”, Leya)



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