Destino
Não sei ao certo
qual é o meu destino
se eu não fosse poeta
seria assassino
das minhas mãos
saem letras e paixões
sairiam também as piores ações
ser poeta, ser louco
ser criminoso
o que é pra ser
Será (???)
as mãos que letram
fazem errar
e de amor por amor
matar
Poetas
usam,desusam
descartam papéis
arranham folhas
despem, desnudam
a si, pessoas, coisas...
Poetas...seres cruéis
Poetas
dão a vida
trazem à luz
obstetras
às sombras induz
charlatões
profetas
arrancam vísceras
secam, dissecam
legistas
Poetas de mãos incertas
emocionalmente chantagistas
Se é este o meu destino
o de ser poeta
que com suas mãos
abre corações,
dilacera e pelos papéis arrasta
o que me difere daquele irmão
que com suas mãos
se suja de sangue e mata?
Paulo Sérgio Vieira, poetator iniciado nos Mistérios
eleusianos, manifesta-se através de uma arte que busca a ruptura, a afronta, a
ocupação através das palavras. Cada verso é uma barricada de palavras. O
artista em questão crê no poder da ação direta que visa afetar, incomodar ou
atiçar o outro. Há em cada poema um coquetel de sentidos que vai do lírico
imberbe à poesia de tapume.
Ratos do mundo, uni-vos!
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