quarta-feira, 16 de julho de 2014

É fundo o plano da vidraça observo e deliro - Pedro Bastos



poética política nacional



(terra prostituída)


invadindo mitologias bárbaras Júpiter
interagiu por mais uma Deusa ancestral
dita imaculada; usando seu clarão fálico
logo fecundou-a por trás e pela frente,
moeu os grãos férteis da divindade.
colheu fruto vasto para seu panthéon
restrito; temperou-o na arrebentação
cantou uma ode a navegantes perdidos.
sua solução foi rasgar-lhe o útero depois
de aniquilar o ventre, espetar nas costas,
deslocar a bacia e queimar os joelhos,
atar-lhe os pulsos finos a um arreio
sem fronteiras esperando que a mata,
por sobre o corpo, preparasse toda nação.


(do livro “É fundo o plano da vidraça observo e deliro”, Editora Oito e meio)



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