sábado, 19 de julho de 2014

Ezter Liu



Nós(sa)


Devíamos ser mais amargos
e continuar andando sem olhar escombros
Devíamos esperar ansiosos
as paredes de vidro
o verniz
as pedras polidas
e o alumínio esmaltado

Devíamos esquecer a brisa,
a vista,
o desenho no mapa

Devíamos não ter essa fratura exposta
essa tela velha chamada passado

Devíamos

Mas temos nos ossos o mesmo metal enferrujado
E na memória e no peito o galpão de paredes rachadas
Temos na pele o mesmo cheiro das marés e das baratas

Somos os pontos de fuga desse painel desbotado
A beleza oculta no vitral empoeirado.


(do livro “Inquebrável – Estelita para cima,  vol. II”, organização: Wellington de Melo, Mariposa Cartonera)



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