Nós(sa)
Devíamos ser mais amargos
e continuar andando sem olhar escombros
Devíamos esperar ansiosos
as paredes de vidro
o verniz
as pedras polidas
e o alumínio esmaltado
Devíamos esquecer a brisa,
a vista,
o desenho no mapa
Devíamos não ter essa fratura exposta
essa tela velha chamada passado
Devíamos
Mas temos nos ossos o mesmo metal enferrujado
E na memória e no peito o galpão de paredes rachadas
Temos na pele o mesmo cheiro das marés e das baratas
Somos os pontos de fuga desse painel desbotado
A beleza oculta no vitral empoeirado.
(do livro “Inquebrável – Estelita para cima, vol. II”, organização: Wellington de Melo,
Mariposa Cartonera)
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