O rei do nada
Perdestes todos os teus guardas fortemente armados
Agora tens em tua cabeça, encravada, uma coroa de
arame farpado
Ris do sangue que rola na tua face
Mas não notas a pedra que em teu peito nasce
Ris também de artistas do dia e da noite
Mas não percebes que és tu o bobo da própria corte
Sentes a lágrima que corre em tua veia
E vês sendo derrubado o seu castelo de areia
Lê toda tua história num mísero alfarrábio
Ciceroneando com teus falsos súditos os escombros de
teu palácio
Muito mais do que imaginas, teus inimigos já estão
bem perto
Enfeitando com a tua dignidade a ponta de teu
próprio cetro
Aos poucos se esmigalha o pão duro do teu poder
E escoa no ralo de tua ignorância o vinho do teu
desejo de vencer
As incessantes guerras escondidas no porvir
Pois conflito mais intenso e invencível é o que há
dentro de ti
Com o olhar perdido esperas um momento novo
Sem ver teu manto pegando fogo
Em tuas terras não brota nem cresce vida
Nem feijão, nem arroz, nem trigo, nem centeio
Tu que não és nada e moras no outro lado deste
espelho
(do livro “Emaranhados”, Maple)
Obrigado, meu querido pela linda homenagem. Saudades de ti nos saraus.
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