domingo, 13 de julho de 2014

Na vertigem do dia - Ferreira Gullar



Subversiva


A poesia
quando chega
                        não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
                               Quando ela chega
de qualquer de seus abismos
desconhece o Estado e a Sociedade  Civil
infringe o Código de Águas
                                            relincha
como puta
          nova
          em frente ao Palácio da Alvorada.

E só depois
reconsidera: beija
                     nos olhos os que ganham mal
                     embala no colo
                     os que têm sede de felicidade
                     e de justiça

E promete incendiar o país


(do livro “Toda poesia”, José Olympio Editora)



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