geração cristal
frases de éter nos salvarão.
as correntes amamentadas
por búfalos portáteis em nós
fundarão a língua brânquia.
com as cabeças nas imagens
seremos sonhos sem cabeça.
com trompetes em ferrugem
alucinaremos bebês antigos,
manteremos sujas as marcas.
por não podermos entregar
nosso estreito osso de amor
sorriremos firmes na chuva,
colheremos falsas papoulas.
da nossa turbulenta ternura
amarela um sol de abelhas
que faz jus à tripa receosa
onde incha o nosso veneno.
férias em doença trarão paz
aos túmulos da nossa elegia.
gotas nos olhos feito saúvas
são o mundo como antídoto.
e que beleza é o morto-vivo,
que sem estar e até não sendo
compreende esse túnel pálido
de onde emana a pura beleza
de não esperar, e querer tudo,
fazer rolar o dado, e se perder.
(do livro “óleo das horas dormidas”, Oficina Raquel)
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