Ladainha da chegança
Vivia meu cativeiro
no matagal da amargura,
onde só vingava o vago,
sem vento nem aventura.
Um resíduo de menino
residia na lembrança,
porém, quebrando o
cabresto
num cabrito de criança.
Deu-se a faísca da fuga
por quebradas sem
destino,
muita queda e cabeçada,
desatado desatino.
Abrindo brecha no mato,
sentia aragem de um
sítio,
franca e fértil
capoeira,
sujeito a todo
princípio.
Aí fez-se o território
do encontro de vida
incauta,
onde um gesto a outro
ajunta-se,
multiplicados em malta.
A convergência da gente
flori em mil na
paisagem
como estrelas tão
distantes
que se imantam numa
imagem.
Quem batalha no comum
não precisa de bagagem.
iê capoeiragem,
camará.
iê sopro de aragem,
camará.
iê comum é a viagem,
camará.
(do livro “Capoeiragem”, Editora 7Letras)
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