20:00
Os olhos sempre ávidos de belezas
hoje não querem ver
Os ouvidos fingem-se surdos
e as músicas não tocam a alma
Uma barreira de cílios invisíveis
impede que o aroma das raras flores
da brisa e do incenso invada
A boca hoje não gosta
nem sente nenhum gosto
muito menos o insosso
da comida feita a contragosto
Se tivesse alguém
ou algo além do concreto pra tocar
só sentiria dormência
Nem a inesperada presença da lua
brilhando no cinza imenso
consegue iluminar
Um livro talvez salve
Os versos escorrem
as palavras voam
nada fica
nada
absolutamente nada
abala esta letargia
(do livro “Cantos tortos”, Dobra Editorial)
muito sentimento implícito... parabéns!
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